I
Quem ama cinzas de polens
Quer reviver aves fósseis,
Quimeras de um paraíso.
II
Por que resgatar lilases
De uma juventude remota,
Presa a um cinema fechado?
III
Namoros há muito extintos
Só trazem mais para o fundo
Débeis estrelas-lembranças.
IV
Amar é lição de manha
De não saber se ainda vem
O beijo da manhã seguinte.
V
Todo feliz tem um céu
Desses de servir a gosto
Direitos adquiridos em sonhos.
VI
Elogio de quem se ama,
Melhor mimo de narciso:
Atalho de eternidade.
VII
Guardar luvas do passado
É como louvar o erradio
Deserto de ventos lendários.
VIII
Nem tudo se apaga em um mês
De hibernação de segredos
E encolhimento de âmagos.
poema de Luiz Martins da Silva
imagem: Parque Güell
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