6.3.19

Ubiquidades



A rede que ri
para o mar de Itapoá
veio de Marajó
com Leatrice, a bisavó

Desenho com lápis aquarelado, de minha autoria

22.4.18

Onze anos




Este mês não imprimi
o calendário

Não fiz anotações
no diário

Nem sei que dia é hoje
Exceto, se é segunda
ou sexta

Tudo para não sentir
de novo
o aperto sufocante
ao ouvir
às 22h de 22 de abril


"a mãe morreu"


Todo abril é torturante





29.10.17

tempo, tempo



Em algum momento
tenho o controle do tempo

o dia a dia marcado
no calendário
cada ato em cada horário

De resto, o caos
me organiza
na teia

17.5.17

sixties




Prestes a sessentear
Bem cabe um balanço
Rio muito ultimamente

Mesmo da adversidade

Tem um quê 
de desafio infantil
eu rio, na cara do perigo

7.5.17

Mensagem






Tenho chorado por ti
por teus parentes
os povos originários

Tenho chorado por mim
por meu filho
por meu povo

tenho chorado muito
por mim, por nós
pelo mundo

A Estevinho Taukane

6.1.15

Felicidade


Ela tem um galo que se
chama Adoniran
Um papagaio que atende por
Tom
Uma sabiá que tem por nome
Elis.
Toda manhã
Com este som
Ela acredita ser feliz


poema gentilmente emprestado 
por  Valdir Mengardo, o autor

3.11.14

alegoria



ouvir
a mãe
na própria voz

Escultura de Eliana Kertész, série Mulheres do Brasil
fotografada em exposição no Palácio do Planalto 

24.7.14

matinais





















no silêncio,
o som ao redor

bem te vi
         bem te vi
                  bem te vi

15.2.14

mudança de estação


chuva fria
                  de vento

no calendário
                   de novo é tempo

de arribação

16.1.14

sobre el dolor



acordei com dores
tantas e fortes
espalhadas em articulações
localizada na cervical

deitei no chão
para alongar
deixar a dor fluir
até transbordar

até trespassar
a fortaleza
a carapaça
e, convulsivamente,
me fazer chorar


foto de pintura do banco em frente ao IdA, UnB

28.12.13

perfis


não sou uma
sou muitas

quântico ser

de caos
e incertezas

escrito em16 de julho, ainda em Madrid
a foto é noite de lua cheia em Floripa

23.12.13

Egoísmo



De repente me vem
um medo
de morrer cedo

De inacabar
o pensamento

De não deixar
um legado

De ficar só
o anotado

nexos desconexos
incompletude
do complexo

17.11.13

1.11.13

andarilhar


Num átimo,
viajo

Buen Retiro,
Bosque do Papa

ali, no Olhos d'Água

nesse delírio
reencontro amigos
troco afetos

mato a saudade

escrito em 21/09/13
aos amigos do planeta

25.10.13

Banzo do passeio


Saudade de tuas alamedas
limpas, acolhedoras
mesmo quando as
árvores
ficam secas,
no inverno

Saudade de cruzar as pessoas,
vagabundos, saxofonistas,
outros tantos músicos

das velhinhas elegantes
tailleur, cabelo de quem
acaba de sair do salão,
que llevan tacones discretos

Te hecho de menos,
Retiro